A gente sempre volta
pra nossa terra. Onde a gente nasceu, ou cresceu, ou os dois. Sou brasileira; e
Brasil, voltei.
Dizem que dizer Adeus
é o mais difícil, escrever um bom final, impossível. Posso não fazê-lo, então?
Eu não quero dizer
Adeus, quero sorrir e jogar um até daqui a pouquinho. Não quero escrever um bom
final, quero deixar as páginas em branco pra que outro alguém possa escrever
também. Ou para que eu possa, eventualmente, retomar de onde eu deixei, e nunca
deixar acabar.
Eu adoro viajar. Não
tive muitas oportunidades na vida pra isso, mas quando tive, amei e desamei,
corri, andei, sorri, vi coisas incríveis e conheci pessoas estonteantemente
maravilhosas. Mas o craquelado e o vazio que o processo deixa na gente é um
pouco brutal. Quando a gente passa um final de semana na praia, ou alguns dias
no campo, voltar pra casa dói um pouco, mas é quase normal. Depois de alguns
meses, já fica mais complicadinho. Um ano? Os nossos cacos ficam jogados no
chão.
A gente faz uma nova
vida, e só porque é esse o nosso instinto: gente precisa de gente, e algum
lugar pra chamar de lar. E desbrava, constrói, rearranja. E desconstrói, volta
pro usual, arruma tudo no lugar.
Bom mesmo é voltar pra
algum lugar, ou alguém, e se sentir em casa. Saber onde que ficam os pratos, as
toalhas, poder deitar com os pés pra cima. E agora, que meus pés tão cada um em
um canto do mundo? Que uns pedaços da minha alma ficaram com quem eu deixei pra
trás? Que se eu não sei onde ficam os copos, eu tenho vontade de abrir todos os
armários, até achar?
Correção: Bom mesmo é
ter um amor do tamanho do planeta, chegando em cada país, cobrindo cada cidade,
embrenhando em cada metro de rua. Cidadão do mundo. Ter um passaporte todo
estampado, todos os desenhos na minha pele, saber falar um pouquinho de cada língua,
nem que seja pra dizer que não sei falar nada.
Querem saber se
gostei, se não gostei? Se quero morar lá ou aqui, se senti mais saudade daqui
ou se vou sentir saudade de lá? Gostei, não gostei, quero morar lá, aqui e em
todos os lugares, e sinto saudade de tudo, aqui e lá, o tempo todo. O relatório
completo, quem quiser, senta e escuta por um ano. Porque mesmo sem os detalhes,
as lacunas se preenchem com o amor e a saudade.
Pra ir, deixei minha família pra trás, deixei todos os meus amigos, e fui de
cara limpa, pronta pra apanhar. Pra voltar, fiz o mesmo. Dói, e muito. Mas é
aquela dorzinha gostosa, saudade boa. Eu sei que não sentiria tanta saudade se não
tivesse sido importante. Fico feliz que eu tenha aproveitado, um pouco triste
de pensar que não aproveitei como deveria. Mas acho que é isso mesmo, a gente
vai aprendendo, então tem que se dar a oportunidade, senão, não
adianta.
Advice? Se você tem a oportunidade, agarre-a, com todas as unhas, dentes, e toda a força que você achar em você. É importante, é gratificante, e você cresce muito.
Você vai se machucar, mas vai levantar, e vai ser mais difícil derrubar você
depois disso. A gente se sente melhor, se sente maior.
A quem deixei pra trás quando voltei, saudades sentirei, mas a gente se vê por
aí.
A quem deixei pra trás quando fui, voltei meu amores! E talvez eu vá embora de
novo, mas vamos aproveitar por agora né ^^
Obrigada pelo ano, e que a próxima experiência seja sempre mais gratificante
que a anterior.
As próximas páginas a gente deixa em branco, sabendo que vai ter continuação ;)